terça-feira, 28 de outubro de 2008

Filhos e Pais...Pais e Filhos

A minha irmã tem 12 anos e esta semana está doente... uma amigdalite.
Entre os episódios de febre e aqueles em que só consegue dormir, a doença passageira cede aos efeito dos medicamentos e lá lhe dá um tempinho para se sentir melhor.

Para a entreter, como ela não consegue ver direito porque tem os olhos inchados da febre, resolvi ser eu a ler-lhe em voz alta uns capítulos do livro que ela tem na mesinha de cabeceira, "Matilde"...(obrigada Sofia):

"Matilde desejava que os pais fossem bons e carinhosos e compreensivos e honrados e inteligentes. O facto de eles não serem nenhuma destas coisas era uma coisa que ela tinha de aguentar. Mas o novo jogo que tinha inventado de castigar o pai ou o pai e a mãe, cada vez que eles fossem maus para ela, tornava-lhe a vida mais ou menos suportável."

O curioso é que antes de começar a ler isto tinha acabado de ler uma entrevista do Lobo Antunes à revista pública onde ele desabafa: " Não há nada mais terrível do que a relação de um filho com um pai ou uma mãe. É muito ambivalente. São os pais que impõem as normas. Temos tanta dificuldade em aceitar aquilo que desejamos. É muito curioso e paradoxal...o meu pai tinha imenso respeito plo doentes. Era terno, fazia-lhes festas. Foram as únicas pessoas a quem o vi fazer festas...(quando estávamos doentes) olhava da porta e mandava tomar aspirinas." Só quando o pai morreu é que ficou a saber "que ele tinha tanto orgulho em mim."

Para o bem de todos, os filhos deviam nascer com um livro de instruções ... talvez assim se pudessem evitar alguns desgostos.

1 comentário:

Unknown disse...

Fez-me bem visitar o teu Blog, tinhas-me dito o nome e hoje com uma pausa no trabalho e a ouvir um cd de música lá vim dar uma olhadela. Esta nossa profissão tem caracteristicas inerentes, ser mais sensivel e ao mesmo tempo insensivel em determinadas situaçoes do dia a dia. Por vezes o jornalismo tem a vantagem de nos fazer ligação à terra e dá-nos injecções de adrenalina. Temos o prazer de ver o bom e o mau, no meu caso comecei a tratar o dia a dia muito mecanico esquercer-me do que é importante na vida, ter prazer de sentir a àgua da chuva que me bate no rosto com a força do vento é apenas um exemplo.
Neste momento sinto uma sensação estranha que já alguns anos não sentia, uma colega para a semana vai-se embora e sinto algum desespero por isso. Ao mesmo tempo fico contente, é um misto inexplicável.
Amiga um forte abraço e desculpa o desabafo.